Reflexões

DJ ou JukeBox?

Este assunto é delicado e merece o máximo de atenção de todos os profissionais, simpatizantes e principalmente do público. Venho por meio de uma comparação para desenvolver uma reflexão sobre a “liberdade” e a “prisão” que muitos DJ´s vivem. Para o entendimento desta comparação vamos à definição da palavra “Jukebox”:

Jukebox é uma máquina automatizada de músicas pré-gravadas, funciona através da inserção de moedas pelos clientes que tem direito a fazer sua seleção musical através da combinação de suas teclas.

Portanto a função da Jukebox é exclusivamente atender ao gosto imediato do ouvinte, desta forma é notório perceber o quanto os DJs estão se assemelhando a atividade desta máquina e isso em excesso é muito prejudicial a imagem do Disc Jockey e de sua rica cultura musical.

DJs estão deixando seu “feeling” musical, conhecimento e pesquisa de lado para somente servir ao público como uma máquina, oferecendo apenas aquilo que os ouvintes “acham” que querem escutar e isso acaba se tornando um aprisionamento de um ser pensante que está no domínio de uma situação, ou seja, um evento, casa noturna, programa de rádio, etc. É papel do DJ agradar a seu público alvo, mas esta demanda não é somente derivada do público para o DJ e sim do profissional para os ouvintes. É o DJ que tem a devida habilidade para executar tal atividade de entretenimento.

No mercado de modo geral existem profissionais que ficam somente por conta de atender pedidos do público e outros atendem somente a uma lista musical pré-selecionada pelo contratante se tornando por assim dizer reféns de gravadoras, casas noturnas, rádios e TV. De certo modo isso desvaloriza o DJ e toda uma classe, pois o profissional é podado de contrapor tendências e de surpreender as pessoas com suas pesquisas de músicas comerciais ou não (Leiam o artigo: “Músicas comerciais, tocar ou não tocar”). Desta forma o DJ fica impossibilitado de apresentar suas habilidades musicais abrindo brechas para o crescimento da banalização da profissão.

É necessário que o DJ tome consciência de sua importância e valor para determinadas atividades a qual ele for exercer evitando o aprisionamento de seu modo de tocar e por assim dizer de sua forma de pensar. É importante atender ao público e aos contratantes, porém é essencial mediar situações e formas de trabalho para que a valorização da atividade e do profissional não seja prejudicada.

As pessoas precisam perceber que nosso trabalho não é apenas tocar músicas de forma aleatória e enrijecida, mas sim desempenhar um trabalho minucioso de análise do público ouvinte e de planejar instantaneamente a inserção de músicas e performances para surpreender, inovar e provocar as atitudes mais inesperadas. É dever do próprio DJ fazer com que o público perceba valor e estima no que fazemos.

Sendo assim DJs valorizem-se! Busquem formas de se desprender das amarras e das previsões, pesquisem formas de evolução e acima de tudo evitem a mecanização não apenas do seu trabalho, mas de toda uma classe.

Nós do projeto Junto e Mixado estaremos abertos a opiniões e a um debate sobre o assunto se possível.

Abraço forte a todos!

DJ Guimyts

28 de janeiro de 2013

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